Acordeonistas consagrados no Brasil e exterior se apresentarão como solistas e ao lado do Clube do Choro de Belo Horizonte.
A exemplo do ocorrido nas edições anteriores, a Semana Nacional do Choro 2022, também terá um instrumento que ganhará distinção: o Acordeon. No show de abertura que acontece no próximo domingo (24) e nos demais eventos durante a semana, acordeonistas consagrados internacionalmente e de destaque no cenário belo-horizontino trazem o encanto do Choro no fole.
Acordeom, Acordeão, Sanfona ou Gaita?
Conhecido no Brasil também por acordeão, gaita na região Sul e sanfona no Nordeste, tem sua origem em um instrumento inventado na China há dois mil e setecentos anos antes de Cristo, conhecido como “cheng”. Foi este o primeiro instrumento composto com palheta, que passando por várias transformações chegou à forma do acordeom como o conhecemos atualmente.
O acordeon foi patenteado em 06 de maio de 1829, e em Londres no mês seguinte, 19 de junho, Charles Wheatstone promoveu o primeiro concerto. A partir daí o instrumento tornou-se popular e passou a ser símbolo de status.
Ele chegou ao Brasil junto com os primeiros colonizadores europeus, vindos da Itália, país onde até hoje se fabricam as marcas mais conceituadas de acordeões do mundo. O acordeom é um instrumento musical muito usado no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Nordeste e sua história se mistura com a história da música sertaneja. No Século XIX, bem antes do aparecimento das gravações em discos, a música sertaneja ou caipira, assim como as músicas gaúchas, já eram tocadas em bailes e apresentações em circos (espetáculos itinerantes).
Sua potência sonora que é muito maior que a dos instrumentos de corda, possibilitou que fosse ouvido por um número maior de pessoas. Devido a isto, o acordeom se introduziu facilmente e foi muito bem aceito numa época onde ainda não existiam potentes equipamentos de som como temos hoje em dia.
O acordeon está atualmente presente na música do Brasil inteiro, em quase todos os ritmos, culturas, tradições, e em todas as regiões. O fato de possibilitar tocar ao mesmo tempo melodia e acompanhamento, faz do acordeon um instrumento completo e que pode ser utilizado em qualquer estilo musical na contemporaneidade.¹
Grandes nomes do acordeon reunidos no palco do Minas ao Luar - Especial Semana Nacional do Choro.
A Semana Nacional do Choro 2022 trará um naipe de acordeonistas que irá abrilhantar o show de abertura no próximo domingo (24): Bebê Kramer (RS), Luizinho Calixto (PB), Marcelo Caldi (RJ), instrumentistas consagrados nos palcos do Brasil e no exterior, além do mineiro Marcelo Jiran. Eles se apresentarão como solistas e ao lado do grupo de músicos do Clube do Choro de BH. Além deles, importantes acordeonistas do Choro de Minas serão lembrados e homenageados: Cícero Gonzaga ativo acordeonista associado do Clube do Choro de BH e presença constante nas diversas rodas de Choro da cidade e Maria Elisa Behens, respeitada acordeonista que faleceu em março de 2021. Elisa foi associada ao Clube do Choro de BH por muitos anos, onde permanecerá sempre lembrada como grande instrumentista e figura de destaque nos encontros, shows e rodas de Choro promovidos pela entidade.
Bebê Kramer - Foto: Sonia Mibielli |
BEBÊ KRAMER - Alessandro Kramer, nasceu na cidade de Vacaria, no estado do Rio Grande do Sul, e começou a tocar acordeon ainda muito jovem, inspirado pelo seu pai, Alencar Rodrigues, um acordeonista bastante conhecido na região.
Alessandro, hoje mais conhecido como Bebê Kramer, é considerado um dos maiores acordeonistas do Brasil na atualidade e é um dos nomes mais significativos da nova geração de acordeonistas também no exterior. Como compositor, Bebê apresenta uma estética musical inovadora, na qual traz a expressão de sua fonte inicial, o Rio Grande do Sul, com a junção de outros sotaques, sempre tendo como característica principal sua forte energia ao tocar. O começo da sua carreira como músico profissional, aconteceu ainda na adolescência, e ganhou força quando escolheu a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, para ser o palco do seu crescimento musical, vindo a tocar com músicos altamente conceituados. Em 2008, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive desde então, e este é certamente o lugar onde seus horizontes musicais se expandiram, tornando-o um dos mais renomados músicos no cenário da música instrumental Brasileira hoje em dia.
Luizinho Calixto - Foto: divulgação |
LUIZINHO CALIXTO - Natural de Campina Grande - Paraiba, Luizinho Calixto nasceu no ceio de uma família de sanfoneiros de oito baixos e aos dez anos de idade decidiu que seguiria os passos de seu pai e irmãos que juntos são referência na execução do fole de oito baixos na afinação transportada, um sistema de afinação muito diferente do que se toca no Nordeste do Brasil. Luizinho Calixto é também reconhecido por ser o primeiro artista brasileiro a cantar e se acompanhar com a sanfona de oito baixos no modelo de afinação mais comum no Nordeste brasileiro, fazendo uso dos recursos de harmonia aprendidos com Zé Calixto (irmão mais velho) que foi pioneiro em adaptá-lo para acompanhamento, rompendo com o paradigma de que o seu instrumento somente serviria para o solo de músicas instrumentais. Ele criou o primeiro método escrito para a sanfona de oito baixos no modelo de afinação nordestina. Com o método, ministrou cursos em diversos locais e, a partir de 2014, foi convidado para ser professor em um Projeto de Extensão da Universidade Estadual da Paraíba, utilizando seu método para ensinar tanto iniciantes quanto iniciados. Luizinho teve a oportunidade de tocar com mestres como Sivuca, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga e já acompanhou grandes nomes da música popular brasileira como Chico Cesar, Dominguinhos, Osvaldinho do Acordeom, Elba Ramalho, Zé Calixto, Fagner, entre outros. Também possui uma sólida carreira internacional, se apresentando em Cabo Verde, na África, na Argentina, em Portugal, Espanha, França, Itália, Suíça e na Alemanha. Ao todo gravou dezoito discos entre vinis e CDs, onde toca ritmos tradicionais e alguns ritmos que nunca haviam sido tocados por um sanfoneiro de oito baixos: tango, bolero, valsa, bossa nova, destacando-se um dos traços mais marcantes do seu trabalho que é a virtuose dos improvisos. Luizinho é compositor, diretor musical, multi- instrumentista, percussionista, também domina a sanfona de cento e vinte baixos, toca violão, cavaquinho e, nas horas vagas, é desenhista e artista plástico.
Marcelo Caldi - Foto: Bel Junqueira |
MARCELO CALDI é um dos músicos mais completos da atualidade. Pianista, compositor, arranjador sinfônico, produtor, cantor, maestro, diretor musical... tornou-se amplamente reconhecido como um dos sanfoneiros mais importantes de sua geração, levando adiante o precioso legado de mestres como Luiz Gonzaga, Orlando Silveira, Chiquinho do Acordeom, Sivuca, Dominguinhos, Oswaldinho e outros.
Apresentou-se como solista em concertos com as orquestras Petrobras Sinfônica, Sinfônica da Bahia, Sinfônica Cesgranrio, Sinfônica da UFF e Sinfônica do Recife, também criando arranjos inéditos para essas formações. Compôs “Alma carioca”, uma peça sinfônica inédita para a Orquestra Petrobras Sinfônica, em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro (2015), e “Homenagem a Sivuca”, para Orquestra Sinfônica Cesgranrio (2017).
Em 2021, homenageou os 80 anos de Dominguinhos com a Orquestra Sanfônica do Rio de Janeiro, a primeira do Estado, da qual é fundador e maestro. A celebração teve participação especial de artistas como Lucy Alves e Juliana Linhares. Caldi ganhou o prêmio da Lei Aldir Blanc para lançamento do livro “Vem tocar sanfona”, que reúne 20 partituras inéditas de autoria de Caldi, de diversos estilos, escritas exclusivamente para acordeom.
Participou dos mais importantes festivais de música instrumental no Brasil, e já levou seu trabalho para países como Portugal, França, Itália, Alemanha e Japão. Entre os álbuns autorais, destaca-se “A sanfona é meu dom” (2017), que inclui participações de Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Silvério Pontes, Bebê Kramer, Kiko Horta e outros.
Ganhou o Prêmio Funarte Centenário de Luiz Gonzaga, resultando no lançamento do livro e do disco “Tem sanfona no choro”, com a publicação inédita das peças instrumentais do rei do baião, editado pelo Instituto Moreira Salles (2012).
Marcelo Jiran - Foto: Love Story |
MARCELO JIRAN é compositor, pianista, multi-instrumentista, poeta, arranjador, orquestrador, regente, luthier, produtor musical, fonográfico e audiovisual.
Natural de Belo Horizonte, é formado em Teoria Geral da Música no curso de extensão da Escola de Música da UFMG. Também possui os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Piano incompletos pela UEMG.
Jiran ganhou o prêmio de finalista no "X Prêmio BDMG Instrumental".
Ele presidiu o Clube do Choro de Belo Horizonte em 2011. Possui quatro álbuns autorais independentes lançados. Participou de Masterclass com o Maestro Roberto Tibiriçá. Foi nomeado ao Latin Grammy 2020 junto de Yamandu Costa com o álbum "Festejo". Tocou com inúmeros funcionários da arte. Produz e divulga a música universal em suas redes sociais.
O evento que acontece no próximo domingo terá transmissão ao vivo pela Rádio Itatiaia, dentro do tradicional programa A Hora do Coroa, sob apresentação do comunicador Acir Antão, também Presidente do Clube do Choro de Belo Horizonte.
Além desse grande evento acontecerão outras apresentações ao longo da próxima semana, em outros redutos do Choro em BH.
Acompanhe por aqui toda a programação e muitas informações sobre a SEMANA NACIONAL DO CHORO 2022 - uma parceria SESC MG e CLUBE DO CHORO DE BELO HORIZONTE.
Abertura da Semana Nacional do Choro 2022 : MINAS AO LUAR ESPECIAL SEMANA NACIONAL DO CHORO
Data: 24 de abril (domingo)
Horário: 9h às 13h
Local: Praça Duque de Caxias, Santa Tereza - BH
Entrada: Gratuita