Eduardo Souto ( 14/04/1882 - 18/08/1942): entre outros grandes feitos, foi inspirador de Lamartine Babo. |
Eduardo José Alves Souto, mais conhecido como Eduardo Souto, natural de São Vicente, litoral de São Paulo, foi um pianista, compositor, regente, Diretor Artístico da Odeon -Parlophon, além de empresário. Nesta atividade, foi o fundador da Casa Carlos Gomes, importante ponto de encontro de músicos no Rio de Janeiro na primeira metade do século XX, onde eram vendidos instrumentos musicais e partituras e também local em que o pianista Ernesto Nazareth, trabalhou, tocando e vendendo suas edições. Como compositor, dedicou-se a diversos gêneros, como a valsa, o tango e o samba, tendo destaque na popularização de marchas carnavalescas.
Nascido em uma família tradicional paulista, teve suas primeiras aulas de música em casa e, com seis anos, já escrevia peças para piano em estilo chopiniano. Em 1893, com 11 anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro, quando passou a ter aulas com Carlos Darbilly, prestigiado músico formado pelo Conservatório de Paris e professor do Conservatório de Música do Império. Assim, aos 14 anos compôs sua primeira valsa, Amorosa.
De início, a música não se apresentou a Eduardo como um caminho profissional a ser seguido. Ele ingressou na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1899 no curso de engenharia. Devido a dificuldades financeiras de sua família, abandona o curso em 1902, quando começou a trabalhar no Banco Francês, onde permanece como bancário até 1917. Seguindo com a música paralelamente, em 1906 teve sua primeira apresentação pública musical, como regente do conjunto musical do Éden Clube de Niteroi. Além disso, regia outros grupos musicais, tais como a orquestra do Cinema São José (situado na Praça Tiradentes).
O ano de 1919 foi marcado por expressiva movimentação musical em sua vida: ele iniciou sua participação nos carnavais da cidade, com o Cateretê, Seu Derfim tem que vortá, com letra de Norberto Bittencourt (mais conhecido pelo pseudônimo K. K. Reco em suas crônicas carnavalescas), em alusão então vice-presidente da República, Delfim Moreira. E seguiu compondo. Entre as obras daquele ano, destaca-se o tango de salão ou como também é definida, o fado-choro, O despertar da montanha, que tornou-o conhecido nos salões e saraus do período, entrando para o repertório tradicional do piano brasileiro. Com letra de Francisco Pimentel, é obra da maior relevância, gravada por renomados músicos do passado e presente, como Eudóxia de Barros, Jacob do Bandolim, Altamiro Carrilho e outros.
ACORDANDO O REI COM UMA ORQUESTRA ESCONDIDA NA MATA
Em 1920 foi indicado pelo Palácio do Catete como responsável pela parte musical da visita do rei da Bélgica Alberto I e da rainha Elizabete. O rei, com especial interesse em escalada, visitou a Serra dos Órgãos, estabelecendo acampamento no meio da mata. Para surpreender o rei, Eduardo Souto decide despertar o acampamento regendo seu grupo musical (no qual participavam músicos como Lino José Barbosa, Pixinguinha e outros Batutas) ao som da Alvorada, interlúdio da ópera Lo Schiavo, composta por Antônio Carlos Gomes.
Nas comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, em 1922, apresentou-se ao lado de Cornélio Pires na Associação Brasileira de Imprensa. No mesmo ano obtém sucesso com a gravação do cateretê Eu só quero é beliscar, pelo cantor Baiano. O cantor já havia obtido sucesso com composições de Eduardo Souto, como a "chula à moda baiana" Pemberê, gravada ao lado do Grupo Moringa em 1921 pela casa Odeon. São também desse período, as composições Um baile em Catumbi (matriz: MIB-1053. Gravação original com o Grupo do Moringa, feita em 1921), a divertida, Tatu subiu no pau, grande Sucesso do Carnaval de 1923 que tem gravação original interpretada por Bahiano e o Coro da Casa Edson, com registro em disco de cera, dos heroicos tempos das 76 rotações por minuto, lançada pela Odeon/Casa Edison com o número 122333. A composição leva versos então populares no sertão paulista, aproveitados pelo santista Eduardo Souto. O Tango de Salão. Do sorriso das mulheres nasceram as flores, tango de salão dedicado à mulher brasileira também é assinado por ele.
Seguindo em intensa atividade, colaborou com diversas revistas musicais de sucesso da década de 1920. Também formou diversos grupos musicais para apresentação em teatros e gravações, como o Grupo Eduardo Souto, a Orquestra Eduardo Souto e o Coral Brasileiro, coro de amadores que teve participação de nomes como Bidu Sayão, Zaíra de Oliveira e Nascimento Silva.
Atuou como diretor artístico da gravadora Odeon-Parlophon, contribuindo para gravações de artistas como Noel Rosa, Braguinha, Almirante, Jonjoca, Sílvio Caldas, Ernesto Nazareth e Mario de Azevedo. Também foi diretor artístico por muitos anos da Casa Edison.
Após desilusão com o meio musical e pelo esquecimento gerado devido à expansão do rádio e ascensão de uma nova geração de compositores na década de 1930, Eduardo Souto retornou às atividades como bancário, atuando como contador no Banco do Comércio.
Em 1940, devido a uma doença nervosa, inicia tratamentos em casas de saúde, falecendo em 1942 devido a complicações da doença.
EDUARDO SOUTO EM UMA CRÔNICA MUSICAL DE LAMARTINE BABO
Eduardo Souto foi autor do Glorioso Hino Oficial do Botafogo Futebol Clube, com letra de Octacílio Gomes. O hino, no entanto, foi ofuscado pela composição não oficial de 1942 de Lamartine Babo, que se tornou mais famosa nos salões, nos bailes de Carnaval e nos jogos do clube.
Lamartine, não há de ter tido a intenção de ofuscar o mestre e amigo, posto que apresentava enorme admiração pelo homem e compositor completo o apresentando como "meu maior estimulante da música popular".
Conhecedor de sua vida e obra proferiu uma palestra sobre Eduardo Souto, na casa de Neusa França em 07 de fevereiro de 1957 onde canta e conta a viva voz, sobre sua relação com Eduardo Souto, além nos brindar com outras histórias divertidas e pitorescas.
Conhecedor de sua vida e obra proferiu uma palestra sobre Eduardo Souto, na casa de Neusa França em 07 de fevereiro de 1957 onde canta e conta a viva voz, sobre sua relação com Eduardo Souto, além nos brindar com outras histórias divertidas e pitorescas.
Apreciem esta imperdível audição: