"Brasileirinho", um clássico composto por Waldir Azevedo, "chegou e a todos encantou" como diz a própria letra deste Choro que é assinada pelo pernambucano Pereira da Costa. Esta composição considerada o maior sucesso da história do gênero, foi gravada pelo conjunto de Waldir, pela Rainha do Chorinho Ademilde Fonseca, teve versão do Os Novos Baianos (na voz da Baby Consuelo) e, mais tarde, por músicos de todo o mundo. "Brasileirinho" é um dos maiores emblemas da nossa música instrumental, figurando entre as 100 maiores composições brasileiras de todos os tempos, de acordo com o ranking da revista "Rolling Stone".
"O Choro de uma corda só"
"Brasileirinho" foi a primeira composição de Waldir, iniciada em 1947 e lançada dois anos depois. Tudo começou quando um sobrinho de Waldir pediu que o tio lhe fizesse uma música. Waldir inicialmente negou o pedido, alegando que o cavaquinho a sua disposição em casa estava ruim, com somente uma nota funcionando: o ré. O instrumento bom do músico estava na Rádio Clube do Brasil, emissora pela qual se apresentava na época. Mas tal foi a insistência do sobrinho que o músico não teve escolha: usou toda a sua genialidade para compor uma música que pudesse ser tocada apenas com o ré, a única nota de que dispunha naquele momento.
"O brasileiro quando é do Choro, é entusiasmado"
O entusiasmo causado por esta clássica composição de Waldir Azevedo já inspirou outras manifestações artísticas. E entusiasma não só a brasileiros, já que emprestou seu nome a um filme documentário do cineasta e diretor finlandês Mika Kaurismaki, lançado em 2005. O filme "Brasileirinho" é um tributo ao Choro e contou com a participação de músicos como Yamandú Costa, Paulo Moura, Trio Madeira Brasil, Teresa Cristina, dentre outros. Esta obra cinematográfica foi uma das atrações da mostra Fórum do Festival de Berlim no ano de seu lançamento.
"Brasileirinho" também já foi inspiração para shows, espetáculos de dança e peças teatrais como quando serviu de enredo para o espetáculo "Histórias de um chorinho equilibrado numa corda só ou como descobri a história do cavaquinho", um monólogo apresentado em 2016 pelo ator Rafael de Barros.
Certamente, todos os dias surgirão novas versões musicais e outras tantas obras inspiradas neste emblema da música brasileira. Não foi diferente na edição desta semana do "Entre Janelas", projeto do compositor e violonista mineiro André Oliveira, quando ele e a flautista Raíssa Anastásia nos trouxeram uma entusiasmada e inusitada interpretação desse clássico. "Brasileirinho" com flauta doce e ukulele. Apreciem sem moderação.
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