Ernesto Nazareth (foto: TV Brasil/Divulgação) |
Um dos compositores de maior importância para a cultura brasileira, Ernesto Nazareth nascido em 1863, no Morro do Nhéco, na capital do Rio de Janeiro, completaria hoje 157 anos.
Nome expoente da música brasileira, Ernesto Nazareth deixou obra essencialmente instrumental, particularmente dedicada ao piano, cuja prática foi iniciada aos 10 anos, através de sua mãe também pianista.
A produção musical do compositor teve inicio ainda bem jovem: aos 14 anos de idade, já havia realizado sua primeira composição, a polca lundu Você bem sabe. Além destas, todas as suas demais composições, apesar de extremamente pianísticas, por muitas vezes retrataram o ambiente musical das serestas e choros, expressando através do instrumento a musicalidade típica do violão, da flauta, do cavaquinho, instrumental característico do choro, fazendo-o revelador da alma brasileira, ou, mais especificamente, carioca.
O piano esteve presente em toda sua trajetória musical e na cultura de sua época, e sem ele não é possível compreender sua obra. Sua prática é reveladora da febre pianística existente nos salões cariocas do início do século XX e ao mesmo tempo, expressa a ambição, que Ernesto Nazareth carregou por toda a vida, de tornar-se concertista erudito, mas sem conseguir reconhecimento e sucesso.
A vida profissional de Nazareth foi diversificada e construída no variado circuito de difusão da música da época, colaborando destacadamente para dar fama a sua obra. Suas composições foram publicadas por várias casas editoriais e tocadas nos salões privados.
Como produto desse criativo processo de construção, mistura e síntese musical, Ernesto Nazareth deixou registrados 88 tangos, 41 valsas, 28 polcas e mais hinos, sambas, marchas, quadrilhas, schottisches, foxtrotes, romances, entre outros gêneros, totalizando 212 composições.
Como referência, para melhor conhecimento da Obra de Ernesto Nazareth, não poderíamos deixar de lembrar o magnífico trabalho da saudosa associada do Clube do Choro de Belo Horizonte, a pianista Tânia Mara Lopes Cançado.
Tânia Mara nos deixou como legado entre outros trabalhos importantes, o CD Tributo a Ernesto Nazareth, gravado em 1988, na sala Cecília Meireles no Rio de Janeiro e apresentando em turnê por todo o Brasil e no exterior .
Conciliando suas atividades de concertista, docente e então diretora da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, Tânia lançou este trabalho, originalmente em vinil e posteriormente em CD. com 10 faixas: Odeon; Sarambeque; Quebradinha; Famoso; Tenebroso; Confidências; Mercedes; Improviso; Nenê e Brejeiro, composições que resgatam alguns momentos brilhantes de Nazareth, entre as centenas que ele deixou registrada.
Além do CD Tributo a Nazareth, Tânia Lopes Cançado é autora do livro "Pelos Tangos de Nazareth - da Rítmica africana à síncope brasileira" (2013) comemorativo aos 150 anos de nascimento do compositor Ernesto Nazareth.
Na obra, a autora faz uma análise comparativa sobre a influência africana na formação dos ritmos populares das Américas no período colonial, apresentando uma síntese de sua tese de Doutorado defendida na Universidade de Shenandoah (EUA) intitulada “Uma Investigação sobre os ritmos africanos e haitianos no desenvolvimento da Habanera Cubana, do Tango/Choro Brasileiro e do Ragtime Norte-Americano - 1791-1900”. Neste trabalho ela analisa como a música africana influenciou de forma diversa a música popular nas Américas do Sul, do Norte e Central, dando origem a ritmos diferentes, mas com uma base comum e no livro mostra a importância de Ernesto Nazareth na sistematização desses ritmos, em especial a síncope afro-americana, que caracterizam hoje os padrões rítmicos da Música Popular Brasileira.
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